"Gosto muito do meu mundinho, ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos,mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias."
Caio Fernando Abreu
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Aquilo menos tudo*
A gente abusa das mãos dadas no cinema, ainda mais quando chove ou faz frio. O ombro dele é meu, o meu é dele, e tudo vai bem assim já há uns bons meses. Ele faz coisas que eu curto, tipo não me deixar dirigir, enfiar o cartão na carteirinha de couro sem nem me deixar ver a conta e imitar minha compulsão pela minha franja. Eu faço coisas que ele gosta, tipo carinho na perna, servir mais vinho quando o garçom some e ficar que nem monga alongando enquanto ele corre e paquera peruas acéfalas no parque. E nada disso me enlouquece, considerando que tem semanas que ele some e eu nem mesmo percebo. Quer dizer, perceber eu percebo, mas não chego a sofrer por isso. Talvez um pouquinho, mas um pouquinho eu já sofro só de fazer a troca de ar dentro das minhas narinas. O fato é: nada até aqui é culpa ou desleixo ou abuso dele e isso possibilita nosso lindo e calmo relacionamento sem pau.
Algumas mulheres acreditam no sexo com o pau amigo, o homem limpinho que aparece de vez em quando só pra dar uma comidinha e tchau. Eu acredito no sexo com o amigo sem pau. O homem que aparece de vez em quando e te busca em casa, abre a porta do carro, elogia sua roupa, escolhe os melhores ingressos, faz você morrer de rir, conversa sobre tudo, dá conselhos, cuida de você, sobe com você até seu apartamento, curte um som, dorme de conchinha, te abraça forte e…vai embora. Isso sim é dar uma, ao meu ver. O trepar e jogar fora da mulher é se sentir amada sem ter que dar.
Pau nunca pode ser amigo, pense bem. Experimente encontrar, sem querer, seu pau amigo num jantar romântico com uma mulher. Você não gosta do cara, não quer namorar o cara, ele é mala, burro, ele é só um pau. Você só usa o cara e está super segura nesse papel. Mas só porque você e ele, juntos, dividiram um pau, algo dentro de você, ainda que pequeno (pois é) quer ir até a mesa do fulano e fazer um escândalo: ahhhhhh me comeu e agora tá com outraaaaaaaa! Como assiiiiiiim seu desgraçaaaadoooo! Se bobear dá até pra chorar de rímel borrado achando que é amor. Mulher e pau não são compatíveis. Homem é a melhor companhia do mundo, acreditem, mas o pau dele não. Pau é a desgraça humana. É o elemento descentralizador do controle da alma. É o conflito personificado numa espada de guerra. É o fim de tudo. Pau amigo é coisa de sapatona.
Enfim, mas voltando ao meu melhor amigo. Esse ser maravilhoso que mexe no meu cabelo, e paga tudo, e me elogia, e me abraça, e me aperta e vem aqui em casa sempre tão perfumado e tomamos vinho e falamos de tudo e...simplesmente não rola pau… ahhh... eu acho que vou matar esse idiota.
*Texto de Tati Bernardi extraído do blog dela (http://www.tatibernardi.com.br/) Vale a pena conferir. Tati é ótima!
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Olhe para todos ao seu redor...*
... e veja o que temos feito de nós.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
*Trecho extraído do livro Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres de Clarice Lispector
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: 'tens medo.'
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra 'salvação' para não nos envergonharmos de sermos inocentes.
Não temos usado a palavra 'amor' para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer “pelo menos não fui tolo” e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: 'tens medo.'
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra 'salvação' para não nos envergonharmos de sermos inocentes.
Não temos usado a palavra 'amor' para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer “pelo menos não fui tolo” e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
*Trecho extraído do livro Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres de Clarice Lispector
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Um piano pela estrada
domingo, 10 de janeiro de 2010
Velhos sonhos
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Alguma coisa sobre música e lembrança.
O dia nublado me pareceu nostálgico e música me faz lembrar de tanta coisa. Eu me lembrei qual foi a primeira música que gostei e que me marcou, eu devia ter uns 3 ou 4 anos, que louco. "Quatro semanas de amor" Luan e Vanessa (já fui brega). Eu cantava muito essa música, na escola, sempre antes da hora da soneca, parece que estou revivendo isso agora. Que saudade desse tempo.
De lá para cá, minha vida ficou com uma trilha sonora imensa. Cada momento tem uma música, o bom é que faz com que as lembranças não pareçam tão distantes.
O meu primeiro instrumento musical foi um piano (de brinquedo), talvez por isso eu ainda sinta a necessidade de aprender a tocar um piano de verdade. Toquei teclado durante algum tempo e abandonei. Ultimamente tenho sentido falta. Engraçado, não pensei que gostaria de voltar a tocar, se eu tivesse grana mesmo compraria um piano, daqueles de cauda, belíssimos. Quem sabe um dia?! Fiquei com vontade de aprender a tocar "Comptine d'Un Autre Été" de Yann Tiersen. Acho que nos últimos dias assisti muitos filmes com alguém sempre tocando piano. (risos).
De lá para cá, minha vida ficou com uma trilha sonora imensa. Cada momento tem uma música, o bom é que faz com que as lembranças não pareçam tão distantes.
O meu primeiro instrumento musical foi um piano (de brinquedo), talvez por isso eu ainda sinta a necessidade de aprender a tocar um piano de verdade. Toquei teclado durante algum tempo e abandonei. Ultimamente tenho sentido falta. Engraçado, não pensei que gostaria de voltar a tocar, se eu tivesse grana mesmo compraria um piano, daqueles de cauda, belíssimos. Quem sabe um dia?! Fiquei com vontade de aprender a tocar "Comptine d'Un Autre Été" de Yann Tiersen. Acho que nos últimos dias assisti muitos filmes com alguém sempre tocando piano. (risos).
Comptine d'Un Autre Été - Yann Tiersen
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Fica a dica.
Antes do Amanhecer é um filme peculiar, não procure ação ou um lindo romance com final feliz. É um diálogo, intenso, entre duas pessoas com apenas 24 horas para se conhecerem e se tornarem inesquecíveis um ao outro.
Eu diria que é um filme para se ver sozinha, e com uma certa paciência, já que pode se tornar cansativo, mas não deixa de ser um excelente filme. Eu recomendo, aliás recomendo também a continuação, lançada 9 anos depois: Antes do pôr-do-sol.
Então, fica a dica.
Kath Bloom - Come Here
Eu diria que é um filme para se ver sozinha, e com uma certa paciência, já que pode se tornar cansativo, mas não deixa de ser um excelente filme. Eu recomendo, aliás recomendo também a continuação, lançada 9 anos depois: Antes do pôr-do-sol.
Então, fica a dica.
Kath Bloom - Come Here
O título.
O nome é o que menos importa quando se procura uma definição, uma razão, um por que. Escrevi, escrevi e apaguei muitas vezes. Ao longo desses cinco anos, alguns blogs se perderam na memória, os textos também.
Desabafos inúteis e pouco a ser lido. Enfim, tudo de novo agora.
"Pula do muro
Cai do cavalo
Pula que eu quero ver
Sombra no escuro
Verde maduro
Corre que eu quero ver
Salta de lado
Tiro cruzado
Dança que eu quero ver
Corta de canivete que eu quero ver
Segura que é agora que eu quero ver"
Ao som de Tiro Cruzado - Miúcha
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