Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.
( Extraído do livro Caio Fernando Abreu - Caio 3D, O Essencial da Década de 1970, p.144)
quinta-feira, 25 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
Patético
Está ausente. Ausente como as vozes da minha infância
E muda – eu lhe dou adeus de todos os espaços
Grito o seu nome em todas as ruas - e os trens passam deixando a distância
(nas casas que dormem
Mas está muda e ausente – e os trens passam e eu grito o seu nome…
Ah, meu amor! por que a saudade está me chamando para a noite?
Sou eu, sou eu! aquele cuja alma se estende sobre a vida
Aquele cujo espírito é imenso e cujo coração é trágico
Eu, eu... E logo nada mais serei que memória e dolorosa lembrança
Teus gestos e teus olhares de profunda inocência, onde estão?
Nada se move... – há uma luz, um leito e uma lua lá longe...
Talvez eu esteja prisioneiro de um destino atroz – socorre-me!
Talvez eu esteja sofrendo um instante atroz – liberta-me!
Quero a calma, a pureza, a serenidade do teu mundo
Quero as manhãs nascendo e as tardes se pondo docemente
Não quero o horror! as convulsões, os desânimos, as lágrimas, a cólera
Quero as tuas mãos - e não as encontro no ar, no mar, no luar, no caminhar
Adormece e vem – eu sei que sou forte e belo para a vida
Sei que há um gênio inquieto na minha palavra que um dia será ouvida
Mas nesse momento quero apenas que seja tu a que sabe e a que recebe
Onde estás? – no país distante que fica ao poente ou no país presente que fica
(ao levante?…
Ausente – muda e ausente! crianças que sonham trazei-me o seu sono
Estrelas que dormem trazei-me o seu sonho. – Mas quem bateu na minha janela?
– Foi o grito dos trens partindo da tristeza de uns para a alegria de outros
– Foi o grito do além pedindo o orvalho das madrugadas para a carne dos
(infelizes…
Vinicius de Moraes
E muda – eu lhe dou adeus de todos os espaços
Grito o seu nome em todas as ruas - e os trens passam deixando a distância
(nas casas que dormem
Mas está muda e ausente – e os trens passam e eu grito o seu nome…
Ah, meu amor! por que a saudade está me chamando para a noite?
Sou eu, sou eu! aquele cuja alma se estende sobre a vida
Aquele cujo espírito é imenso e cujo coração é trágico
Eu, eu... E logo nada mais serei que memória e dolorosa lembrança
Teus gestos e teus olhares de profunda inocência, onde estão?
Nada se move... – há uma luz, um leito e uma lua lá longe...
Talvez eu esteja prisioneiro de um destino atroz – socorre-me!
Talvez eu esteja sofrendo um instante atroz – liberta-me!
Quero a calma, a pureza, a serenidade do teu mundo
Quero as manhãs nascendo e as tardes se pondo docemente
Não quero o horror! as convulsões, os desânimos, as lágrimas, a cólera
Quero as tuas mãos - e não as encontro no ar, no mar, no luar, no caminhar
Adormece e vem – eu sei que sou forte e belo para a vida
Sei que há um gênio inquieto na minha palavra que um dia será ouvida
Mas nesse momento quero apenas que seja tu a que sabe e a que recebe
Onde estás? – no país distante que fica ao poente ou no país presente que fica
(ao levante?…
Ausente – muda e ausente! crianças que sonham trazei-me o seu sono
Estrelas que dormem trazei-me o seu sonho. – Mas quem bateu na minha janela?
– Foi o grito dos trens partindo da tristeza de uns para a alegria de outros
– Foi o grito do além pedindo o orvalho das madrugadas para a carne dos
(infelizes…
Vinicius de Moraes
sábado, 20 de março de 2010
Nada a declarar
Uma boa dica de curta metragem. O curta é do diretor Gustavo Acioli , e retrata a elite brasileira através de um artista em estado crítico.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Insônia
Parece que quanto mais se tenta se afastar, desaparecer, mas o fantasma te atormenta. Negar para si mesma não é a melhor forma de não sentir nada, pelo contrário, parece que aquela coisa que você odeia nomear, grita dentro de você. E eu só penso: Tô ferrada, tô ferrada. Preciso de uma forma de me esconder, sumir. Mas a verdade é que nem eu mesma sei ainda. E tenho medo de dizer o que é, e não ser, tenho medo de tentar e dar um chute na trave. Me deixa na minha, não me tira daqui. Posso ficar mais um pouco no meu mundo? A única certeza? Todos os outros se apagam quando você está perto, mas, por favor, Não Fica.
domingo, 14 de março de 2010
"A aurora dos que sofrem, a única aurora. Aquela mesma que eu vira um dia, mas cujo segredo não soubera revelar"
Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes
sexta-feira, 5 de março de 2010
Eu e a Brisa*
Ah, se a juventude que essa brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco
Eu poderia esquecer a dor
De ser tão só
Prá ser um sonho
E aí, então, quem sabe alguém chegasse
Buscando um sonho em forma de desejo
Felicidade então prá nós seria
E depois que a tarde nos trouxesse a lua
Se o amor chegasse eu não resistiria
E a madrugada acalentaria a nossa paz
Fica, oh, brisa fica, pois talvez quem sabe
O inesperado faça uma surpresa
E traga alguém que queira te escutar
E junto a mim queira ficar...
*Obrigada Johnny Alf por esta preciosidade.
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